Muitas vezes, doenças oculares não apresentam sintomas em sua fase inicial, quando a chance de tratar e de evitar sequelas, como a perda de visão, são maiores. É o caso do Glaucoma, doença que afeta muitos brasileiros e se caracteriza pelo aumento da pressão intraocular, e do Melanoma de Coróide, doença rara que pode ter efeitos devastadores se não diagnosticada e tratada precocemente – o mais agressivo entre os tipos de câncer que podem acometer o olho. “Consultar periodicamente o oftalmologista é medida fundamental para prevenção e diagnóstico precoce dessas e outras doenças oculares”, recomenda Dra. Martha Motono Chojniak, Diretora do Departamento de Oftalmologia do A.C.Camargo Cancer Center.
Melanoma de Coróide
O Melanoma de Coróide é um tumor intraocular que pode acometer, principalmente, pessoas com idade superior a 50 anos. Também é mais comum entre os pacientes de pele e olhos claros. Segundo Dra. Martha, entre os sintomas mais comuns da doença estão a diminuição da visão e a visualização de “moscas volantes” ou flashes luminosos (fotopsia). “Raramente causa sinais externos perceptíveis a olho nu e, em muitos casos, o tumor pode ser assintomático, especialmente quando localizado longe de alguma área nobre para a visão”, alerta a especialista. Além disso, o Melanoma de Coróide pode evoluir para metástase, através do sangue, para o fígado e para o pulmão.
O Departamento de Oftalmologia do A.C.Camargo já tratou mais de mil casos de Melanoma de Coróide nos últimos 30 anos. “Para cada paciente há uma avaliação e um planejamento individualizado de tratamento”, explica Dra. Martha. Segundo ela, o objetivo do tratamento dos tumores oculares é preservar a vida, o olho e a visão do paciente. “A remoção do olho acontece apenas se não houver outra alternativa, mas quando isso é necessário, trabalhamos com a colocação de próteses que permitem mobilidade e resultado estético bastante satisfatório”, diz. Entre as técnicas que podem ser utilizadas em casos de Melanoma de Coróide está a braquiterapia, uma radioterapia de contato em que o material radioativo – o iodo 125 ou o rutênio 106 – é disposto em uma pequena placa metálica e implantado por meio de um procedimento cirúrgico próximo à lesão do olho. Depois do período indicado, a placa é retirada com outra cirurgia. Essa técnica permite que a radiação seja aplicada diretamente na lesão, protegendo os tecidos saudáveis que estão próximos.
Glaucoma
O aumento da pressão intraocular que causa o Glaucoma ocorre quando a área de drenagem do líquido – o humor aquoso –, que nutre as estruturas internas do olho deixa de funcionar adequadamente. “O líquido fica represado, levando ao aumento da pressão e a lesão do nervo óptico. O processo, que pode causar cegueira, não apresenta sintomas”, esclarece Dra. Martha.
Para evitar que a doença seja diagnosticada quando não há mais chances de evitar a perda de visão, é fundamental adotar como rotina a visita anual ao oftalmologista para medir a pressão do olho, principalmente a partir dos 40 anos. Pessoas que têm casos de Glaucoma na família devem fazer esse controle de pressão com maior rigor.
Conforme Dra. Martha, o exame é simples, rápido e totalmente indolor. “A pressão do olho é medida com um equipamento chamado tonômetro, e a oftalmoscopia permite ao oftalmologista verificar o fundo do olho, em busca de eventuais lesões no nervo óptico”, informa. Com base na medida de pressão e avaliação do nervo óptico, se houver suspeita de Glaucoma, o paciente fará a campimetria, exame que avalia o campo visual central e periférico.
O tratamento do Glaucoma é feito, principalmente, por meio de medicamentos na forma de colírios que contribuem para diminuição da produção de líquido dentro do globo ocular e aumento do escoamento. Há também recursos cirúrgicos com técnica convencional ou laser, mas segundo Dra. Martha, a maioria dos pacientes responde bem ao tratamento medicamentoso.
Outra recomendação importante é aderir rigorosamente ao tratamento, lembrando que o Glaucoma é uma doença crônica. “A visão perdida não será recuperada, mas é possível controlar o avanço da doença. Para isso, o paciente precisa seguir rigorosamente a orientação do oftalmologista”, alerta.
Fonte: accamargo.org