Hoje você resolveu comprar aquela calça nova que não estava nos planos, mas em promoção, e um celular novo. Na mesma semana passou no supermercado e comprou a lista do mês, algumas guloseimas, vinhos e petiscos extras para receber amigos em casa. Ainda no mesmo mês, seu filho estava meio tristinho e te pediu aquele brinquedo novo que era uma fortuna. Para deixá-lo feliz, você foi com ele ao shopping e parcelou o mimo.
Às vezes essas coisas acontecem com você? E não há nada de errado em fazer umas comprinhas extras e gastar um pouco a mais no cartão de crédito e no cheque especial, certo? Pelo menos é assim que três em cada dez pessoas pensam. Segundo um estudo realizado pelo SPC Brasil, parte dos brasileiros consideram o cartão de crédito e cheque especial como parte do dinheiro disponível no orçamento mensal e 35 por cento dos entrevistados disseram sempre pagar com o cartão de crédito e assumem que suas compras parcelas são feitas por impulso.
O problema é que são essas atitudes do dia a dia, muitas vezes corriqueiras, que acabam deixando nossa vida financeira desregrada e, apesar da maioria das pessoas saber que gastar mais do que deve não é ideal, poucos param para pensar nas consequências de seus atos impulsivos antes de executá-los. “Na maioria das vezes esses impulsos têm consequências sérias e são o início do chamado efeito bola de neve, que causa uma enorme desordem financeira familiar e problemas mais graves como o nome negativado e dívidas impagáveis”, explica José Vignoli, educador financeiro do Portal Meu Bolso Feliz. E são essas questões financeiras que podem, também, causar problemas emocionais como angústia, nervosismo e autoestima fragilizada, afetando nossa qualidade de vida.
COMO O EFEITO BOLA DE NEVE AFETA SEU BOLSO E SUA VIDA
Muitas vezes uma simples compra ou um ato impensado pode dar início a um problema financeiro ainda maior. Veja abaixo um exemplo de como decisões aparentemente inofensivas, podem te descontrolar:
1- No momento do desânimo você vai ao shopping ou resolve pesquisar as novidades tecnológicas que você ainda não tem.
2 – Com comprinhas não programadas e despesas inesperadas, você começa a perder o controle de suas contas.
3 – Suas despesas aumentam porque, além das compras extras, você passa a ter gastos com os juros do cartão e do cheque especial na despesa do mês.
4 – Você usa novamente o cheque especial e o cartão porque está com um poder de compra menor e não consegue mais manter seu padrão atual.
5 – Ao mesmo tempo que isso acontece, você não consegue mais reservar um dinheirinho extra para emergências, planos e sonhos futuros.
6 – No mês seguinte um imprevisto surge e você precisa gastar mais do que pretendia.
7 – Com esta despesa inesperada somada à inflação e problemas do dia a dia, você se depara com um mês em que não tem o dinheiro suficiente para pagar suas contas.
8 – Quando você menos espera, você fez uma dívida e, em muitos casos, está com o nome negativado e não sabe mais como sair dessa!
Mas, mesmo com esse cenário negativo, voltar a ter uma vida financeira saudável é possível. Para sair dessa enrascada, é importante refletir. “Analise as verdadeiras razões que te fazem consumir, que te fizeram chegar nessa situação e repense qual foi o caminho que você acabou usando para descobrir como você se enrolou”, indica Vignoli. Aqui, vale ficar atento às nossas emoções. No livro Mentes Consumistas, de Ana Beatriz Barbosa, a autora explica que somos influenciados por vários estímulos de compra, através da mídia, pessoas próximas e também no ponto de venda, e o grande problema da maioria das pessoas é o autocontrole para resistir a tantos apelos de consumo. “ Sempre justificamos nossa compras, tanto na hora de lidar com emoções negativas como frustração e desânimo quanto positivas como comemorar uma promoção ou mimar os filhos”, explica Carlos Eduardo Carrion, psiquiatra de Porto Alegre. Por isso, é importante detectar o problema e atacá-lo imediatamente.
Identifique as razões para o consumo desenfreado
Segundo Ana Beatriz, existem dois tipos básicos de consumo: o consumo primário, do dia a dia, que serve para satisfazermos nossas necessidades essenciais como comer, e o consumo secundário, ligado ao nosso imaginário, que tem como objetivo nos levar para o caminho da realização de desejos, ou seja, os supérfluos, compras extras que não são essenciais, mas que também fazem parte da nossa vida, como roupas novas ou uma viagem. Entendendo isso, tente, sempre, diferenciar o consumo básico do consumo ligado à sentimentos e necessidades supérfluas, para se gratificar momentaneamente. Para isso avalie as questões abaixo e identifique as razões para seu consumo desenfreado:
– Tente ponderar se você sabe diferenciar perfeitamente o que precisa do que quer. É importante que você saiba!
– Pare para pensar se, quando você se permite prazeres eventuais como jantar fora ou fazer uma viagem no fim de semana, esses prazeres são planejados ou costumam te atrapalhar financeiramente.
– Você tem uma poupança ou investimento para tempos difíceis e emergências? Na maioria das vezes, quem não consegue poupar, não se organiza de forma adequada.
– Você costuma comprar peças de roupa ou outros produtos porque estão na promoção ou porque a vendedora disse que estão fazendo sucesso?
Depois de identificar quais são seus maiores defeitos quando o assunto é consumo desenfreado, fique atento às dicas para controlar as emoções e se policiar ;
No dia a dia
Coloque no papel seus ganhos e despesas. Assim você visualiza com calma quais são seus gastos fixos e supérfluos.
Agora faça um Diagnóstico Financeiro da sua vida atual. Para isso, use o Simulador Diagnóstico Financeiro. Estes são os pontos de partida para você conhecer sua situação financeira real. Com base nisso, é possível equilibrar suas contas e entrar no azul.
Se tiver uma dívida em atraso, que precisa ser controlada e paga rapidamente, foque nela. Para facilitar sua vida, use o Simulador Troca Dívida e descubra se pode conseguir taxas menores para quitá-la. O importante é eliminá-la e depois começar a planejar seu dia a dia novamente, com tranquilidade.
Faça cortes. Seja moderado com os gastos do dia a dia e escolha aquilo que é realmente importante e essencial para você.
Pesquise antes de fazer qualquer compra! Mas, se possível, abra mão dos gastos supérfluos até organizar suas contas.
Evite usar cheque-especial e cartão de crédito. Durante o pagamento da sua dívida e reorganização financeira, elimine essas opções.
Procure pagar suas contas à vista com o dinheiro que tem. Controle os apelos e impulsos de consumo.
Para controlar as emoções
Conscientize-se de que está numa situação difícil. Para isso, apenas olhar suas contas e a dificuldade que está enfrentando deve bastar. “É importante começar a se dizer não e controlar os próprios passos e fraquezas”, aconselha Carrion.
Planeje o que vai comprar e visualize seu dia a dia como se estivesse analisando outra pessoa, repetindo o roteiro mentalmente, mais de uma vez. Veja o que compra, como compra e pergunte-se onde e porque está gastando mais do que deve.
Nunca esqueça de incluir um limitador de compras no seu dia a dia. “Evite sair com cartão de crédito e cheque. Se isso não for possível, na hora do lazer, convide aquela pessoa que vai te ajudar a colocar um limite nas compras”, aconselha Carrion.
Quando se sentir frustrado, desanimado ou com autoestima afetada, procure fazer algo que goste – sem gastar, claro. Um exercício físico, papear com os amigos, brincar com os filhos. Pesquisando e colocando em prática essas atividades que ama, você verá que existem outras maneiras de sentir prazer.
Por outro lado, quando estiver excitado, feliz e cheio de vontade de comemorar, controle-se também. Tente ponderar se vale mesmo a pena gastar dinheiro e, mais pra frente, se complicar.
Fonte: meubolsofeliz.com.br