Como o brasileiro deve se preparar, financeiramente, para a aposentadoria? Esse tema é muito mais relevante do que imaginamos, principalmente, perante a situação de dificuldade que milhões de brasileiros se encontram, depois de trabalhar anos e descobrirem que os valores da aposentadoria não são suficientes nem mesmo para a sobrevivência.
Isso ocorre porque a maioria dos brasileiros se aposenta apenas pela previdência oficial, ou seja, a do INSS, contudo, quando isso ocorre, se tem uma grande queda nos rendimentos. Isso se deve a existência do Fator Previdenciário, estabelecido por lei em 1999, com o objetivo de equalizar o déficit previdenciário, mas como consequência, reduzido o valor dos benefícios durante a sua concessão, sendo inversamente proporcional à idade do segurado em relação ao valor da aposentadoria. Assim, se estabelece um gatilho, a partir do qual quanto menor for a idade de aposentadoria maior será o redutor e, logo, o valor será menor.
É importante ter em mente que a aposentadoria pelo INSS possui grande importância, principalmente, para os trabalhadores menos abastados, pois estes, em sua grande maioria, não trabalharam preventivamente para o período de aposentadoria, o que faz com que, mesmo com a redução dos valores, esses ganhos sejam a única fonte de sobrevivência. Lembrando que, com esses valores, não só conseguem sobreviver como, na maioria das vezes, também auxiliam familiares.
Contudo, para quem não quer depender apenas do governo para garantir sua segurança futura, é fundamental que se projete com outros dois pilares: o primeiro é a previdência complementar coletiva – que possibilita o atingimento de um padrão de vida similar ao da fase laborativa – e o segundo é a poupança individual – que permite a realização dos sonhos.
A previdência complementar coletiva funciona de maneira muito simples: nela, se acumula uma quantidade de dinheiro até o momento de começar a retirar o montante poupado. Assim, quanto mais você acumular e quanto mais tempo você o fizer, maior será o valor no período final. É uma forma de poupança para longo prazo, que tem como principal objetivo proporcionar estabilidade na aposentadoria.
Existem dois planos vigentes, o aberto e o fechado. Enquanto o primeiro pode ser contratado por qualquer pessoa, o segundo é voltado para um grupo de pessoas geralmente da mesma empresa ou sindicato, sendo muito mais seguro e interessante. O plano aberto da previdência privada é vendido por bancos e empresas de seguro. Já no plano fechado, cada pessoa do grupo contribui com uma parte e a empresa ou o sindicato contribui com o restante. Existe a opção de os profissionais que não contam com planos de previdência complementar em suas empresas buscarem planos de instituidores (formados por entidades de classe, profissionais liberais, entre outros).
Por fim existe a poupança individual, que também é fundamental para quem planeja aproveitar de forma plena a aposentadoria, pois essa é que garantirá, além do padrão de vida, a realização de sonhos de curto, médio e longo prazos. Mas é neste pilar que, geralmente, ocorre um grande erro, pois muitas pessoas poupam por poupar. O dinheiro poupado sem finalidade, na maior parte das vezes, é dinheiro fácil de ser gasto com supérfluos. Assim, uma reflexão sobre o papel do investimento é imprescindível. Posterior a essa resposta, chegamos, finalmente, à outra questão: onde investir?
No mercado financeiro, existem diversas opções de aplicação em ativos financeiros com riscos diferentes, variando de aplicações de baixo risco até investimentos de alto risco. Procure sempre um especialista ou um educador financeiro para orientá-lo nas decisões de aplicação da poupança, visando mantê-la de forma segura e rentável.
É preciso definir como e quando o capital poupado será utilizado. Esta decisão será importante na escolha do tipo de aplicação em ativos financeiros para proteger a poupança. Para tanto, faça um plano de investimentos, definindo o momento do resgate de cada ativo financeiro escolhido, em conformidade com o cronograma de aplicação dos recursos poupados, para serem investidos no alcance dos objetivos desejados para o negócio.
Lembro que, de forma geral, o risco de uma aplicação financeira é diretamente proporcional à rentabilidade desejada, ou seja, quanto maior o retorno estimado pelo tipo de aplicação escolhida, maior será o risco. Todavia, o risco significa que poderá não conseguir o retorno prometido ou mesmo perder uma parcela do montante aplicado. É bom lembrar sempre que rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura.
Por fim, lembro que a garantia de uma aposentadoria plena parte invariavelmente pela adequação do orçamento financeiro aos sonhos, utilizando-se dos dois primeiros pilares (previdência oficial e a previdência complementar coletiva), para que possa direcionar com inteligência o dinheiro para o terceiro pilar que é a poupança individual.
Fonte: Reinaldo Domingos – InfoMoney